Mais do mesmo

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sexta-feira, 23 de abril de 2004

Antero de Quental


    Na mão de Deus

    Na mão de Deus, na sua mão direita,
    Descansou afinal meu coração.
    Do palácio encantado da Ilusão
    Desci a passo e passo a escada estreita.

    Como as flores mortais, com que se enfeita
    A ignorância infantil, despojo vão,
    Depus do Ideal e da Paíxão
    A forma transitória e imperfeita.

    Como criança, em lôbrega jornada,
    Que a mãe leva no colho agasalhada
    E atravessa, sorrindo vagamente,

    Selvas, mares, areias do deserto...
    Dorme o teu sono, coração liberto,
    Dorme na mão de Deus eternamente.


 
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