Avaliação dos professores
Ouvi hoje no Telejornal que o Governo pretende que os pais e/ou encarregados de educação passem a ter competências no processo de avaliação dos professores!
Primeiro abri a boca, de espanto... depois engoli em seco e finalmente ri-me e fiquei a pensar na expressão que o colega Paulo usou ontem: "estamos a assistir ao começo do fim da Educação, como a conhecemos"!
Concordo ou discordo desta medida?
Bem... não é fácil responder com um simples "sim" ou "não", até porque quase nada sei da forma como isso ocorrerá! Concordo que os professores devem ser avaliados, o processo actual deve sofrer alterações... mas, de certo modo, os pais sempre fizeram uma "avaliação contínua" aos professores: reuniões, horas de atendimento, caderneta escolar, encontros informais, etc...
Este processo, útil e frutífero quase sempre, por vezes não é fácil nem pacífico... até porque os pais já têm poderes no processo de avaliação dos alunos, o que, por vezes, é muito complicado de gerir. Pelos vistos... agora passam a poder avaliar também os professores! Adiante...
Não posso deixar de me lembrar, neste momento, de um "novo fenómeno" em expansão, que é aquele que alguns pais já adoptam: "em caso de problema com o professor, não percas tempo a falar com ele: vai-te queixar ao Conselho Executivo"!
Já aconteceu comigo... já aconteceu com outros colegas que conheço... e ainda ontem ouvi, da boca de um colega, mais histórias deste género!
Todos nós também já ouvimos aqueles relatos de agressão aos professores, certo? Agora acho que esse fenómeno de violência vai ter um decréscimo acentuado:
- Olha lá, vamos partir o focinho àquele cabrão do professor?
- Não, não vale a pena: lixamos o filho da puta na avaliação!
Entretanto e no seguimento desta novidade, estou à espera de notícias deste género:
os doentes passam a fazer parte do processo de avaliação dos médicos e enfermeiros
os atletas de qualquer desporto passam a fazer parte do processo da avaliação dos árbitros e treinadores
os reclusos passam a fazer parte do processo de avaliação de polícias, juízes, advogados e guardas prisionais
os incendiários passam a fazer parte do processo de avaliação dos bommbeiros...
Enfim... este Governo não pára de me surpreender!...
Primeiro abri a boca, de espanto... depois engoli em seco e finalmente ri-me e fiquei a pensar na expressão que o colega Paulo usou ontem: "estamos a assistir ao começo do fim da Educação, como a conhecemos"!
Concordo ou discordo desta medida?
Bem... não é fácil responder com um simples "sim" ou "não", até porque quase nada sei da forma como isso ocorrerá! Concordo que os professores devem ser avaliados, o processo actual deve sofrer alterações... mas, de certo modo, os pais sempre fizeram uma "avaliação contínua" aos professores: reuniões, horas de atendimento, caderneta escolar, encontros informais, etc...
Este processo, útil e frutífero quase sempre, por vezes não é fácil nem pacífico... até porque os pais já têm poderes no processo de avaliação dos alunos, o que, por vezes, é muito complicado de gerir. Pelos vistos... agora passam a poder avaliar também os professores! Adiante...
Não posso deixar de me lembrar, neste momento, de um "novo fenómeno" em expansão, que é aquele que alguns pais já adoptam: "em caso de problema com o professor, não percas tempo a falar com ele: vai-te queixar ao Conselho Executivo"!
Já aconteceu comigo... já aconteceu com outros colegas que conheço... e ainda ontem ouvi, da boca de um colega, mais histórias deste género!
Todos nós também já ouvimos aqueles relatos de agressão aos professores, certo? Agora acho que esse fenómeno de violência vai ter um decréscimo acentuado:
- Olha lá, vamos partir o focinho àquele cabrão do professor?
- Não, não vale a pena: lixamos o filho da puta na avaliação!
Entretanto e no seguimento desta novidade, estou à espera de notícias deste género:
Enfim... este Governo não pára de me surpreender!...
Etiquetas: Educação/Escola/Política educativa
4 Comments:
Estas medidas vêm todas na hora certa e em cascata;está tudo muito mais preocupado com os Sub-21 e o Mundial.Já é apanágio dos governos aproveitarem oportunidades destas.
A partir de agora,não é difícil progredires,basta que:
-não levantes a voz aos teus alunos
-não exijas demasiado
-dês, a cada um, o trabalho que os pais acham que eles podem fazer(sem os perturbar)
-sejas assíduo(nem que tenhas que ir trabalhar doente)
-estejas na escola, o tempo necessário, a que os pais possam tratar das suas vidas
-atendas a todas as reclamações, dizendo que sim
-nunca reclames,mesmo que sejas humilhado/ofendido por um aluno
-respondas a todos os processos que te possam,junto dos executivos,dando razão a quem os moveu
-digas SIM,SIM,SIM,SIM,...
Basta estamos fartos que nos demitam das nossas funções e nos obriguem à "submissão"!!!!
(Desculpa tão grande desabafo)
Bj e "boa semana de trabalho" :-)
By Anónimo, at domingo, maio 28, 2006 3:49:00 da tarde
Por acaso e se me permite acho que os doentes deviam avaliar os seus médicos sim senhor.
Por acaso até acho que o caso dos médicos devia ser tratado de uma forma tão ou mais radical que o dos professores.
Talvez nos admirassemos todos muito, da quantidade de professores que deixavam de poder apresentar atestados médicos.
E já agora pergunto-lhe uma coisa: Como professor, que experiência tem relativamente à autoavaliação dos seus alunos? Consta-me que a maioria costuma ter um sentido de justiça muito apurado. Não concorda? Parecer-lhe-ía mais justo que fossem os próprios professores a avaliar-se? Talvez fossem tão justos quanto os seus alunos!
Não se zangue comigo.
É só a minha opinião.
leonoralmeida@sapo.pt
By Anónimo, at sexta-feira, junho 02, 2006 9:57:00 da tarde
Eu não me zango nunca com quem usa ideias e argumentos para debater. :)
Há maus médicos? É capaz... mas não será o doente que está anestesiado, por exemplo, que terá capacidade de avaliar se o médico o operou bem ou não! Nem será o doente que passou a noite aos gritos, com dores e que não percebe que o médico nada podia fazer para além do que já fez...
(sei do que falo: a minha esposa é enfermeira e relata-me todos os dias episódios de "violência verbal" - pelo mensos - de doentes para com os enfermeiros e médicos)
Mas também queria lembrar que eu, como utente, no Centro de Saúde onde estou inscrito, tenho um Livro de Reclamações ao meu dispôr! Para bom entendedor...
Essa questão dos atestados médicos (falo dos falsos, é claro) é outra coisa bem diferente... e que até tem procedimentos disciplinares já bem definidos. E recordo que é a própria legislação que praticamente obriga - sim, obriga - tanto médicos como professores a mentirem. Li uma vez um artigo sobre isso muito interesante, de que transcrevo apenas uma ideia: se hoje de manhã, quando fui levar a minha filha ao infantário antes de eu próprio ir para a minha escola, ela tivesse vomitado para cima de mim enquanto a tirava do carro... a única hipótese que eu tinha para justificar a minha ausência ao trabalho (sim, que eu tinha que voltar para casa para tomarmos banho e mudarmos de roupa e, provavelmente, teria de ficar com a menina por não estar bem disposta) era dizer que estava doente - ou ela ou eu - ou então "meter um dia de férias"! Mentira... de qualquer maneira!
Fiz-me entender?
E uma coisa assim faz de mim um bom pai e/ou um mau professor?
Para terminar, acredito que o "erro médico" tanto pode acontecer a um "mau médico" como a um "bom médico"!
By NP66, at sexta-feira, junho 02, 2006 11:28:00 da tarde
Best regards from NY!
» » »
By Anónimo, at terça-feira, agosto 08, 2006 1:43:00 da tarde
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