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domingo, 10 de novembro de 2013

Manuel Miranda diz o que pensa

Este é um belo texto do professor Manuel Miranda, de Coimbra.
Ai que falta fazem professores como este nas nossas escolas! :)

(Falei hoje com Manuel Miranda, a quem dei os parabéns pelas suas intervenções, apesar de já se ter aposentado!)

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Estimado jornalista Fernando Madrinha,

Sou leitor das suas crónicas semanais no EXPRESSO. As suas crónicas não me são indiferentes. Neste último sábado [8 de Novembro], comentando os protestos dos professores, toda a sua crónica veicula um mal estar pela grandeza da manifestação dos professores em Lisboa no dia 8, uma cidade ocupada por muitos milhares de professores na rua, vindos de todo o país, num desfile cheio de força, de convicção, cheio de verdade e de revolta, determinados numa resposta firme à tutela carreirista.

A sua crónica insinua que os largos milhares de professores desceram a Lisboa "deixando-se conduzir pelo PCP", "a reboque" desse partido que já foi enterrado tantas vezes por jornalistas e analistas da nossa praça, mostra que o jornalista Fernando Madrinha, com coluna num jornal com tanto prestígio como o EXPRESSO, ainda não conseguiu atingir o significado do conflito.

Ainda da sua crónica permito-me destacar a passagem: "mas, hoje, também é muito claro para toda a gente que ao recusarem esta avaliação, os sindicatos - e seguramente muitos dos professores que os seguem acriticamente - estão de facto, a recusar qualquer avaliação". Os professores que pacificamente invadiram e ocuparam Lisboa no dia 8 de Novembro manifestaram-se "acriticamente"? "Muitos"? Pela consideração que tenho pelo cronista e jornalista Fernando Madrinha, permita-me que acrescente mais um comentário. SE os professores em tão expressivo número "andam a reboque" e seguem "acriticamente" partidos políticos e sindicatos que há muitos anos andam a ser enterrados, tantas vezes enterrados nas páginas do EXPRESSO e de outros jornais, não o preocupa essa constatação? É que eu estou profundamente convencido que é entre os professores, é muito particularmente entre os professores que o jornal EXPRESSO tem os seus leitores. É pelos professores que o Expresso garante as suas elevadas tiragens. É que os professores são dos cidadãos deste país que ainda consomem alguma informação. SE os professores seguem "acriticamente" e
"andam a reboque" de organizações já há tantos anos enterradas, os jornais, os jornalistas não têm responsabilidades nesse "seguidismo acrítico". A ser assim, somos levados a concluir que os jornalistas não estão a exercer com competência a sua profissão.

Para concluir, quero deixar aqui bem expresso que este comentário longo à sua crónica inserta no EXPRESSO do dia 15 [de Novembro] resulta da consideração que tenho pelo jornalista Fernando Madrinha. Seguem conteúdos que consultados podem ajudar a compreender o descontentamento dos professores. Na dúvida, uma boa investigação jornalística fornecerá conteúdos e factos esclarecedores.

E ainda antes de terminar:
Eu não estive em Lisboa. Poderia ficar visto entre aqueles que não se "deixam ir a reboque", ficar "encaixilhado" entre os "críticos", longe dos que andam "acriticamente".
Eu não fui, mas o 8 de Novembro foi um daqueles dias em que eu mais senti a tristeza de ter um filho deficiente, de mim dependente, que me limita na vida porque me pede para estar perto dele e me impede de estar onde eu gostaria de ter estado, por convicção.

Com a minha consideração

Manuel Miranda
Coimbra

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