Milhares no desemprego
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2007-09-03 20:49:10
(http://www.rtp.pt/index.php?article=296670&visual=16)
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A Fenprof acusou o Governo de estar a promover o equivalente a um dos maiores despedimentos colectivos no país, a propósito do concurso de colocação de professores, que, na primeira fase, deixou de fora cerca de 45 mil candidatos.
"Este é o maior ou um dos maiores despedimentos colectivos que teve lugar neste país da responsabilidade de um Governo que ainda por cima quando se candidatou e se apresentou a votos prometeu criar empregos", afirmou Mário Nogueira, dirigente da Fenprof.
Algumas dezenas de professores concentraram-se na Loja do Cidadão dos Restauradores, em Lisboa, numa acção simbólica que pretendeu dar voz aos docentes desempregados em todo o país, três dias depois de serem conhecidos os resultados da primeira fase do concurso de colocação de professores.
Segundo as contas da Fenprof, dos cerca de 45 mil professores que estão sem colocação, perto de 30 mil são professores com tempo de serviço e os restantes são professores profissionalizados, disse.
Com esta afirmação, Mário Nogueira pretendeu contestar a afirmação do Ministério da Educação à imprensa, segundo a qual a maioria dos candidatos não são professores mas sim jovens recém-licenciados à procura do primeiro emprego.
Mário Nogueira salientou ainda que dos 6.407 colocados, 3.155 "são professores que já são dos quadros", pelo que considerou que foram este ano efectivamente colocados 3.252 docentes.
Segundo a Fenprof, relativamente à "candidatura à contratação, dos 47.977 candidatos só foram colocados 3.252 em horários completos, correspondendo a 6,7 por cento do total".
Acrescem a estas candidaturas as de 989 docentes de "horário zero", dos quais 705 foram colocados, e as de 6.399 que fazem parte do quadro de zona pedagógica, dos quais obtiveram afectação 2.450.
Mário Nogueira salientou que, por isso, dos professores do quadro de zona pedagógica que concorreram, "62 por cento não ficaram colocados".
Segundo as estimativas da Fenprof, "ainda que venham a ser colocados mais três mil docentes em horários incompletos, mais de 40 mil professores vão ficar sem colocação".
O sindicato adianta ainda que nos últimos dois anos lectivos deixaram o sistema educativo 10.725 professores, estimando que, já contando com o próximo ano 2007/2008, a rede do Ministério da Educação deverá perder um total de 20 mil docentes.
Comentando as declarações de segunda-feira da ministra da Educação, segundo a qual a incapacidade de absorver mais docentes é consequência de um problema social de diminuição do número de alunos, Mário Nogueira considerou que "é o ministério quem tem a maior responsabilidade na situação que se vive", uma vez que a diminuição do número de alunos "é uma causa natural, mas um factor menor".
Na opinião do sindicalista, a principal responsabilidade está nas políticas educativas como a "falta de apoios a crianças com necessidades especiais, a falta de programas e projectos de combate ao insucesso e abandono escolar" ou o estatuto da carreira docente que, entre outras medidas, estabelece "o aumento de horas lectivas dos docentes ou a transferência de actividades de componente lectiva para não lectiva".
No que respeita aos referidos problemas sociais do país, Mário Nogueira sublinhou que também as políticas nessa área são da responsabilidade do Governo a que pertence o Ministério da Educação.
Uma das situações mais contestadas na acção na loja do cidadão foi o facto de os centros de emprego aos quais se dirigiram milhares de docentes terem limitado o atendimento a cerca de uma centena de professores por dia e de, noutros casos, os sistemas informáticos terem bloqueado, contou o sindicalista.
Mário Nogueira lembrou que são dias que atrasam o subsídio de desemprego e sublinhou que "os professores não podem ser penalizados nestas datas" porque não têm qualquer responsabilidade.
Este foi, aliás, o caso de Paulo Ambrósio, professor de educação visual e tecnológica desde a década de 80, que este ano não foi colocado, como já lhe acontecera em outros anos, e que ao chegar ao centro de emprego foi informado de que deveria voltar no dia seguinte.
"Às nove horas cheguei ao centro de emprego e fui informado de que só seria atendido no dia seguinte, sem explicação nenhuma", contou, adiantando ter a certeza que tal se deve "à grande afluência de desempregados no centro de emprego".
(sublinhados meus)
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Não é uma notícia fantástica? Não há trabalho nas escolas? Mas esta gente anda por que escolas? Só eu, no ano lectivo passado, fui titular de uma turma com vários alunos portadores de NEE, fui Coordenador de Escola e ainda responsável por uma estrutura intermédia de gestão! Este ano vou continuar a ser titular de turma... agora com mais 3 alunos repetentes... vou continuar a ser Coordenador de Escola... e resta-me saber se não serei eleito de novo para coordenar o tal órgão intermédio. Ah: não, não sou um dos tais professores-titulares, os tais que poderão atingir o topo da carreira! Sou só professor... o que, na prática, se revela a mais "pura mentira"!
Sim, na minha escola "arranjo" trabalho a mais 2 professores, é só haver "vontade política"!
Pois é, mas sobre todos este "imenso despedimento colectivo", assim de repente, lembrei-me que alguém tinha prometido a criação de 150 mil novos postos de trabalho!
A este cai-lhe um dente cada vez que diz uma verdade ou cumpre uma promessa!...
2007-09-03 20:49:10
(http://www.rtp.pt/index.php?article=296670&visual=16)
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A Fenprof acusou o Governo de estar a promover o equivalente a um dos maiores despedimentos colectivos no país, a propósito do concurso de colocação de professores, que, na primeira fase, deixou de fora cerca de 45 mil candidatos.
"Este é o maior ou um dos maiores despedimentos colectivos que teve lugar neste país da responsabilidade de um Governo que ainda por cima quando se candidatou e se apresentou a votos prometeu criar empregos", afirmou Mário Nogueira, dirigente da Fenprof.
Algumas dezenas de professores concentraram-se na Loja do Cidadão dos Restauradores, em Lisboa, numa acção simbólica que pretendeu dar voz aos docentes desempregados em todo o país, três dias depois de serem conhecidos os resultados da primeira fase do concurso de colocação de professores.
Segundo as contas da Fenprof, dos cerca de 45 mil professores que estão sem colocação, perto de 30 mil são professores com tempo de serviço e os restantes são professores profissionalizados, disse.
Com esta afirmação, Mário Nogueira pretendeu contestar a afirmação do Ministério da Educação à imprensa, segundo a qual a maioria dos candidatos não são professores mas sim jovens recém-licenciados à procura do primeiro emprego.
Mário Nogueira salientou ainda que dos 6.407 colocados, 3.155 "são professores que já são dos quadros", pelo que considerou que foram este ano efectivamente colocados 3.252 docentes.
Segundo a Fenprof, relativamente à "candidatura à contratação, dos 47.977 candidatos só foram colocados 3.252 em horários completos, correspondendo a 6,7 por cento do total".
Acrescem a estas candidaturas as de 989 docentes de "horário zero", dos quais 705 foram colocados, e as de 6.399 que fazem parte do quadro de zona pedagógica, dos quais obtiveram afectação 2.450.
Mário Nogueira salientou que, por isso, dos professores do quadro de zona pedagógica que concorreram, "62 por cento não ficaram colocados".
Segundo as estimativas da Fenprof, "ainda que venham a ser colocados mais três mil docentes em horários incompletos, mais de 40 mil professores vão ficar sem colocação".
O sindicato adianta ainda que nos últimos dois anos lectivos deixaram o sistema educativo 10.725 professores, estimando que, já contando com o próximo ano 2007/2008, a rede do Ministério da Educação deverá perder um total de 20 mil docentes.
Comentando as declarações de segunda-feira da ministra da Educação, segundo a qual a incapacidade de absorver mais docentes é consequência de um problema social de diminuição do número de alunos, Mário Nogueira considerou que "é o ministério quem tem a maior responsabilidade na situação que se vive", uma vez que a diminuição do número de alunos "é uma causa natural, mas um factor menor".
Na opinião do sindicalista, a principal responsabilidade está nas políticas educativas como a "falta de apoios a crianças com necessidades especiais, a falta de programas e projectos de combate ao insucesso e abandono escolar" ou o estatuto da carreira docente que, entre outras medidas, estabelece "o aumento de horas lectivas dos docentes ou a transferência de actividades de componente lectiva para não lectiva".
No que respeita aos referidos problemas sociais do país, Mário Nogueira sublinhou que também as políticas nessa área são da responsabilidade do Governo a que pertence o Ministério da Educação.
Uma das situações mais contestadas na acção na loja do cidadão foi o facto de os centros de emprego aos quais se dirigiram milhares de docentes terem limitado o atendimento a cerca de uma centena de professores por dia e de, noutros casos, os sistemas informáticos terem bloqueado, contou o sindicalista.
Mário Nogueira lembrou que são dias que atrasam o subsídio de desemprego e sublinhou que "os professores não podem ser penalizados nestas datas" porque não têm qualquer responsabilidade.
Este foi, aliás, o caso de Paulo Ambrósio, professor de educação visual e tecnológica desde a década de 80, que este ano não foi colocado, como já lhe acontecera em outros anos, e que ao chegar ao centro de emprego foi informado de que deveria voltar no dia seguinte.
"Às nove horas cheguei ao centro de emprego e fui informado de que só seria atendido no dia seguinte, sem explicação nenhuma", contou, adiantando ter a certeza que tal se deve "à grande afluência de desempregados no centro de emprego".
(sublinhados meus)
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Não é uma notícia fantástica? Não há trabalho nas escolas? Mas esta gente anda por que escolas? Só eu, no ano lectivo passado, fui titular de uma turma com vários alunos portadores de NEE, fui Coordenador de Escola e ainda responsável por uma estrutura intermédia de gestão! Este ano vou continuar a ser titular de turma... agora com mais 3 alunos repetentes... vou continuar a ser Coordenador de Escola... e resta-me saber se não serei eleito de novo para coordenar o tal órgão intermédio. Ah: não, não sou um dos tais professores-titulares, os tais que poderão atingir o topo da carreira! Sou só professor... o que, na prática, se revela a mais "pura mentira"!
Sim, na minha escola "arranjo" trabalho a mais 2 professores, é só haver "vontade política"!
Pois é, mas sobre todos este "imenso despedimento colectivo", assim de repente, lembrei-me que alguém tinha prometido a criação de 150 mil novos postos de trabalho!
A este cai-lhe um dente cada vez que diz uma verdade ou cumpre uma promessa!...
Etiquetas: Educação/Escola/Política educativa, Sociedade
3 Comments:
No início de mais um ano escolar, e num momento em que o presente e o futuro dos professores está carregado de incertezas, injustiças e armadilhas, desejo-te, ainda assim, boa sorte ( que sempre é precisa nesta profissão tão imprevisível) e que as coisas, do ponto de vista pessoal e profissional, te corram o melhor possível.
Eu, já estou de fora, mas continuo a acompanhar a saga dos colegas no activo…
By peciscas, at quarta-feira, setembro 05, 2007 5:16:00 da tarde
Agradeço muito o comentário, Peciscas. Sim, vou precisar de muita sorte... :)
Felicidades para a nova etapa da tua vida! Acho que saiste "a tempo"! ;)
By NP66, at quarta-feira, setembro 05, 2007 5:43:00 da tarde
Só para que conste:
não fui eleito - depois da apresentação dos meus argumentos - para coordenar o órgão de gestão intermédio em que estou inserido.
:)
By NP66, at quinta-feira, setembro 06, 2007 12:49:00 da manhã
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