A política da encenação
A política da encenação
A discussão sobre a educação, especialmente depois de se ter transplantado para o YouTube, tornou-se uma espécie de relação esquizofrénica entre um pelotão de fuzilamento e o fuzilado. A questão aqui é que, a qualquer momento, o fuzilado pode ter uma face diferente: os alunos, os professores, os pais ou o Ministério da Educação.
Há uma sensação: a escola tornou-se um território minado, onde todos se arriscam a desaparecer em combate. Uns porque deixaram de ter autoridade, outros porque vivem neste imenso mundo de consumo obrigatório em que tudo é fácil: até passar de ano, sem se saber ler nem escrever, para garantir as estatísticas positivas que se mostram à União Europeia.
Já quase tudo se disse sobre esta educação nacional, que o “sistema”, entrincheirado há dezenas de anos no Ministério da Educação, e com a conivência de todos, foi criando para belo prazer das “Novas Oportunidades”. No fundo, com tantas “aulas de substituição”, avaliações, “áreas de projecto”, aulas de “formação cívica” e outras palermices, foi-se criando uma imensa massa de idiotas úteis.
Há muitas excepções, mas não passam disso. Olha-se para a escola e que é que se ouve? Queixas de todos os lados. Mas sobretudo nota-se uma coisa crucial: estamos a pseudo-formar gerações de jovens que acham que tudo é fácil, e que a vida do futuro vai ser uma mistura entre um Sms, uma gravação feita por um telemóvel, e uns insultos aos professores.
O que parece que ninguém quer discutir é o mais óbvio: como é que estas gerações vão chegar às empresas (à vida real) e lidar com a hierarquia, as regras, a sensação de que não fazem o que querem? Não é uma questão de valores ou falta deles. É óbvio que as gerações mais antigas partilhavam a sua história comum, e que estas mais novas partilham valores de tribo. O “sistema” fez do facilitismo a sua Cartilha Maternal. E ao denegrir sistematicamente os professores conseguiu fazer com o que restava da autoridade destes perdesse o simbolismo. E os jovens de hoje movimentam-se por símbolos. As sucessivas políticas do Ministério da Educação têm tido apenas um objectivo: tornar as escolas locais ingovernáveis. Já o conseguiram.
A discussão sobre a educação, especialmente depois de se ter transplantado para o YouTube, tornou-se uma espécie de relação esquizofrénica entre um pelotão de fuzilamento e o fuzilado. A questão aqui é que, a qualquer momento, o fuzilado pode ter uma face diferente: os alunos, os professores, os pais ou o Ministério da Educação.
Há uma sensação: a escola tornou-se um território minado, onde todos se arriscam a desaparecer em combate. Uns porque deixaram de ter autoridade, outros porque vivem neste imenso mundo de consumo obrigatório em que tudo é fácil: até passar de ano, sem se saber ler nem escrever, para garantir as estatísticas positivas que se mostram à União Europeia.
Já quase tudo se disse sobre esta educação nacional, que o “sistema”, entrincheirado há dezenas de anos no Ministério da Educação, e com a conivência de todos, foi criando para belo prazer das “Novas Oportunidades”. No fundo, com tantas “aulas de substituição”, avaliações, “áreas de projecto”, aulas de “formação cívica” e outras palermices, foi-se criando uma imensa massa de idiotas úteis.
Há muitas excepções, mas não passam disso. Olha-se para a escola e que é que se ouve? Queixas de todos os lados. Mas sobretudo nota-se uma coisa crucial: estamos a pseudo-formar gerações de jovens que acham que tudo é fácil, e que a vida do futuro vai ser uma mistura entre um Sms, uma gravação feita por um telemóvel, e uns insultos aos professores.
O que parece que ninguém quer discutir é o mais óbvio: como é que estas gerações vão chegar às empresas (à vida real) e lidar com a hierarquia, as regras, a sensação de que não fazem o que querem? Não é uma questão de valores ou falta deles. É óbvio que as gerações mais antigas partilhavam a sua história comum, e que estas mais novas partilham valores de tribo. O “sistema” fez do facilitismo a sua Cartilha Maternal. E ao denegrir sistematicamente os professores conseguiu fazer com o que restava da autoridade destes perdesse o simbolismo. E os jovens de hoje movimentam-se por símbolos. As sucessivas políticas do Ministério da Educação têm tido apenas um objectivo: tornar as escolas locais ingovernáveis. Já o conseguiram.
- Fernando Sobral, Jornal de Negócios
Etiquetas: Educação/Escola/Política educativa, Opinião, Sociedade
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