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terça-feira, 21 de outubro de 2008

A resposta de Mário Nogueira

Aproveitando um email que reenviei (um dos tais... dos muitos que recebo e reenvio) e que falava da suspensão da avaliação por parte de um Agrupamento, Mário Nogueira respondeu àquela minha espécie de carta aberta! :)

Aqui deixo o registo do conteúdo da sua mensagem... com alguns sublinhados meu, quer porque os ache importantes, quer porque sejam assuntos que já tenha anteriormente conversado com ele.

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Nelson,

É bom que as escolas suspendam a avaliação e temos dado gás aos nossos quadros sindicais para que se envolvam nisso. Muito em breve iremos exigir isso publicamente. Talvez no dia 8 ou, mesmo, antes. Já quanto à manifestação de todos os professores, também gostava. Conheces-me, sabes isso. Mas sobre esse assunto já respondi a alguns colegas que me colocaram a questão. Vou enviar-te a resposta que lhes tenho feito chegar. Um Abraço. MN

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Colega,

A marcação, pela Plataforma Sindical dos Professores de uma manifestação para o dia 8 de Novembro teve a ver com a necessidade de voltarmos à luta na rua, é evidente, como forma de protesto (pelas más condições com que nos confrontamos no nosso exercício profissional, pela sobrecarga de horário e de trabalho, contra a avaliação que nos impuseram e que teremos de derrotar, contra o modelo de gestão que o Governo impôs e pelo qual pretende eliminar qualquer réstia de participação democrática dos professores nos órgãos decisórios das escolas), mas, também, de exigência. Esta exigência prende-se, fundamentalmente, com a necessidade de travarmos o projecto apresentado pelo ME de revisão da legislação de concursos que é extremamente negativo (pode consultar informação na página da FENPROF ou de qualquer dos seus Sindicatos). O período de negociação regular termina a 31 de Outubro e a FENPROF, a manterem-se os aspectos negativos, poderá e irá requerer a negociação suplementar até 7 de Novembro, o que fará nesse dia (véspera de 8).

Portanto, a marcação de 8 para um mega-Plenário de Professores seguido de Manifestação tem a ver com este calendário que deverá ser tido em conta, pois as manifestações não podem ser apenas de protesto. Como dissemos, esta grande acção não é contra outra coisa que não seja a política educativa do actual governo que tem sido levada por diante pela equipa de Lurdes Rodrigues. Por essa razão, a FENPROF pretendeu esperar que todos os sindicatos que integram a Plataforma estivessem aptos a envolverem-se na mesma e apelou, ainda a que todos os professores, individualmente ou organizados da forma que entendessem, incluindo, naturalmente, movimentos ou outras associações, participassem.

Já o mesmo não aconteceu com a marcação de uma manifestação para o dia 15. Ninguém sabe de quem partiu a iniciativa, pois apareceu na net sem qualquer identificação da entidade que a convocava (foi a terceira em que isso aconteceu: uma a 30 de Setembro, junto ao ME, que reuniu 10 pessoas; outra a 5 de Outubro, no Marquês, que juntou 60 - dignificará isso a luta dos Professores?!).

Mas se a entidade que lançava a convocatória era desconhecida, já as palavras de ordem "contra os sindicatos", "Sem ministério, nem sindicatos", ou "professores sim, sindicatos não" surgiram de todo o lado. Ou seja, a convocatória apelava claramente à desunião, à separação dos professores em relação aos seus sindicatos, concretizando uma velha aspiração de Lurdes Rodrigues e de Sócrates que sempre disseram não estar preocupados com as críticas e lutas dos sindicatos, e da FENPROF em especial, pois os professores não se reviam nelas.

Entretanto, 3 movimentos aderiram à data e confirmaram o carácter anti-sindical da manifestação, senão, repare nesta afirmação:

"... mantém-se a convocatória para a manifestação de dia 15 de Novembro em Lisboa, manifestação que tanto quanto podemos afirmar, tem objectivos e motivações diferentes das dos sindicatos.
A direcção da APEDE"

Também o movimento Promova veio dizer, quando soou que haveria um encontro entre sindicatos e movimentos para articular a acção, que isso era mentira e que se tratava do "desenterrar de métodos de actuação do passado, incorrendo na desinformação como forma de desmobilização" e que "os professores não caem em truques desonestos que apenas desqualificam quem os concebe e os dissemina", referindo-se, obviamente, aos sindicatos de professores, o que é lamentável.

Entretanto, a manifestação foi legalizada no Governo Civil, feito um cartaz e até um vídeo promocional que termina a excluir os Sindicatos... Portanto, quem está a desunir, a dividir, a criar a cisão, não são os Sindicatos. Nunca o fizeram, por que o fariam agora? Nunca excluíram um colega não sindicalizado das suas reuniões, das suas acções, das suas lutas, do seu apoio, por que o fariam agora?

Mas a par desta campanha contra os sindicatos, foi desenvolvida, também, uma campanha contra os dirigentes sindicais, que foram acusados de terem beneficiado de regalias imorais, dadas pelo ME em matéria de carreira, o que é completamente mentira. Pelo contrário, foram prejudicados e bem prejudicados na sua vida profissional, inclusivamente impedidos de progredir na carreira, simplesmente por serem dirigentes sindicais. O ME nunca lhes perdoou as lutas desenvolvidas e o apoio que têm prestado aos professores.

[Nota minha: creio que Mário Nogueira não é professor titular]

Colega, pense bem nisto. A quem serve esta divisão? A quem serve excluir da luta os Sindicatos? A quem serve atacar os Sindicatos que têm sido, nestes tempos tão difíceis, bastiões de resistência, de exigência e de luta? A quem serve denegrir a imagem dos dirigentes sindicais? Aos Professores? Não é certamente. Antes servirá os interesses de um Governo que, governando com maioria absoluta, tem feito tudo o que quer e, principalmente, tem atacado a Escola Pública e os professores como nenhum outro. De uma forma ignóbil e sem vergonha. Não será a este governo que mais serve a divisão? Não será a este governo que mais serve chegar a 2009, ano eleitoral, com os sindicatos desgastados, enfraquecidos, logo, com mais espaço de manobra para a campanha eleitoral, sem denúncias, nem lutas e, assim, obter nova maioria absoluta?

Há que pensar bem nestas coisas. Estou certo que o fará e que compreenderá bem tudo isto que andamos a viver. É que, às vezes, o que parece, é; todavia, outras vezes, não parece, mas também é.

Um Abraço,
Mário Nogueira

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