Contratação directa de professores
Hoje estou virado para transcrever cartas... o que hei-de fazer? :)
Esta que posto a seguir encontrei-a aqui (com a devida vénia).
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A verdade da contratação directa de professores pelas escolas
Autêntica, resistente e possuidora de uma resiliência absolutamente admirável, a escola pública portuguesa tem encaixado (pelo menos aparentemente) as directrizes e os desmandos dos actuais inquilinos do ME [Ministério da Educação]. É algo que se constata e deve ser motivo de orgulho de todos os que a compõem e formam as comunidades educativas que a sustentam.
Mas para tudo há limites.
Devo confessar que a ruptura esta próxima e encontra-se à porta da escola o elemento que mais corrói a nossa democracia: a corrupção!
Como membro de um Conselho Executivo de uma escola do Sul do país, devo publicamente, e porque já o fiz a quem de direito, informar da situação que se vive neste momento em dezenas de escolas deste país. Até aqui, sempre que necessitámos de um professor substituto, bastava aceder à aplicação da DGRHE (Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação) e, no máximo, em cinco dias úteis o ME colocava o novo professor na escola, pronto a trabalhar. Tal rapidez devia-se a que existe uma lista nacional de graduação, que resultou de um concurso nacional onde estavam graduados os professores disponíveis que haviam concorrido à área da nossa escola. Este mecanismo, altamente funcional e prático, pode ser consultado nas páginas da referida Direcção-Geral, tem o nome de "Colocações Cíclicas".
Neste momento, as referidas colocações via net foram suspensas. Resulta daí que, esta semana, necessitámos de substituir um colega. Contrariamente ao procedimento anterior, foi necessário procedermos à publicação da oferta de trabalho na imprensa, nas página web da escola e na DREL. Neste momento, já passados oito dias (os alunos continuam sem professor), temos a incumbência e a responsabilidade de considerar e conferir 223 candidaturas. Queremos fazer um trabalho sério, mas, por mais que nos empenhemos, não conseguiremos graduar estes candidatos em menos de 3 dias. Quando chegarmos a um veredicto, o professor escolhido terá 48h para se apresentar ao serviço. Os alunos estarão sem professor o dobro do tempo que em face do procedimento anterior.
Se não bastasse o exposto, devo confessar que a escola e os seus responsáveis já receberam algumas “recomendações” em relação a alguns candidatos.
Por fim, devo referir que muitas destas pressões exteriores resultam da voz corrente (jornais e ME) que fez constar que as escolas poderiam definir o “perfil” do professor a contratar. Tendo em conta que seria impossível entrevistar todos os candidatos, e desvalorizando o mérito que resulta de uma graduação séria, o critério da cunha e do favorecimento pessoal torna-se, na perspectiva dos que nos contactaram, muito apropriado.
Considero a contratação directa dos professores uma questão imponderável, desnecessária e, em alguns casos, promotora da corrupção.
Maria Lurdes M.
Setúbal
Cartas ao Director- Público de 13.02.07
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Estou mesmo a imaginar o CE do meu Agrupamento, que mal tem tempo para atender um telefonema de um Coordenador de Escola para tirar uma dúvida sobre o que quer que seja… a ter de ler 100 ou 200 currículos (não vou ser mauzinho e falar em 500 ou 600) e depois entrevistar outros tantos professores! Credo!…
E vou ficar esta noite a imaginar/sonhar como é que com a leitura de um currículo e uma simples entrevista se descobre que alguém é um "professor excelente"! Enfim…
Ah: amanhã o Conselho Pedagógico do meu Agrupamento vai decidir o "perfil" e/ou os "critérios de selecção" de um possível professor a contratar! Estou curioso para saber o que se vai decidir...
Esta que posto a seguir encontrei-a aqui (com a devida vénia).
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A verdade da contratação directa de professores pelas escolas
Autêntica, resistente e possuidora de uma resiliência absolutamente admirável, a escola pública portuguesa tem encaixado (pelo menos aparentemente) as directrizes e os desmandos dos actuais inquilinos do ME [Ministério da Educação]. É algo que se constata e deve ser motivo de orgulho de todos os que a compõem e formam as comunidades educativas que a sustentam.
Mas para tudo há limites.
Devo confessar que a ruptura esta próxima e encontra-se à porta da escola o elemento que mais corrói a nossa democracia: a corrupção!
Como membro de um Conselho Executivo de uma escola do Sul do país, devo publicamente, e porque já o fiz a quem de direito, informar da situação que se vive neste momento em dezenas de escolas deste país. Até aqui, sempre que necessitámos de um professor substituto, bastava aceder à aplicação da DGRHE (Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação) e, no máximo, em cinco dias úteis o ME colocava o novo professor na escola, pronto a trabalhar. Tal rapidez devia-se a que existe uma lista nacional de graduação, que resultou de um concurso nacional onde estavam graduados os professores disponíveis que haviam concorrido à área da nossa escola. Este mecanismo, altamente funcional e prático, pode ser consultado nas páginas da referida Direcção-Geral, tem o nome de "Colocações Cíclicas".
Neste momento, as referidas colocações via net foram suspensas. Resulta daí que, esta semana, necessitámos de substituir um colega. Contrariamente ao procedimento anterior, foi necessário procedermos à publicação da oferta de trabalho na imprensa, nas página web da escola e na DREL. Neste momento, já passados oito dias (os alunos continuam sem professor), temos a incumbência e a responsabilidade de considerar e conferir 223 candidaturas. Queremos fazer um trabalho sério, mas, por mais que nos empenhemos, não conseguiremos graduar estes candidatos em menos de 3 dias. Quando chegarmos a um veredicto, o professor escolhido terá 48h para se apresentar ao serviço. Os alunos estarão sem professor o dobro do tempo que em face do procedimento anterior.
Se não bastasse o exposto, devo confessar que a escola e os seus responsáveis já receberam algumas “recomendações” em relação a alguns candidatos.
Por fim, devo referir que muitas destas pressões exteriores resultam da voz corrente (jornais e ME) que fez constar que as escolas poderiam definir o “perfil” do professor a contratar. Tendo em conta que seria impossível entrevistar todos os candidatos, e desvalorizando o mérito que resulta de uma graduação séria, o critério da cunha e do favorecimento pessoal torna-se, na perspectiva dos que nos contactaram, muito apropriado.
Considero a contratação directa dos professores uma questão imponderável, desnecessária e, em alguns casos, promotora da corrupção.
Maria Lurdes M.
Setúbal
Cartas ao Director- Público de 13.02.07
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Estou mesmo a imaginar o CE do meu Agrupamento, que mal tem tempo para atender um telefonema de um Coordenador de Escola para tirar uma dúvida sobre o que quer que seja… a ter de ler 100 ou 200 currículos (não vou ser mauzinho e falar em 500 ou 600) e depois entrevistar outros tantos professores! Credo!…
E vou ficar esta noite a imaginar/sonhar como é que com a leitura de um currículo e uma simples entrevista se descobre que alguém é um "professor excelente"! Enfim…
Ah: amanhã o Conselho Pedagógico do meu Agrupamento vai decidir o "perfil" e/ou os "critérios de selecção" de um possível professor a contratar! Estou curioso para saber o que se vai decidir...
Etiquetas: Educação/Escola/Política educativa
4 Comments:
Eu cada vez acho mais que o método vai ser o do sorteio.
By Anónimo, at quarta-feira, fevereiro 14, 2007 11:12:00 da manhã
Ah, o sorteio! :)
Fez-me lembrar aquela anedota do chefe que tinha 1000 currículos para analisar e, sem mais demoras, atirou-os para o ar, dizendo:
- Escolho os que caírem em cima da secretária!
Alguém disse:
- Mas, ó chefe, pode estar a eliminar os melhores!
Ao que ele respondeu:
-Não quero cá tipos sem sorte!
LOL
By NP66, at quarta-feira, fevereiro 14, 2007 10:01:00 da tarde
Só para constar: ainda não foram definidos os critérios de selecção.
By NP66, at quinta-feira, fevereiro 15, 2007 11:34:00 da tarde
Cá para mim, o método vai ser o da "Cunha".Não somos nós o país do Zé Esperto, aquele que se safa sempre por caminhos tortos?!
E depois, levantam-se outras questões, a das reclamações.Será que podemos reclamar se tivermos um currículo melhor do que o da pessoa que ficou colocada? Mas como é que temos acesso ao currículo da pessoa que ficou contratada?
E a verdade é que não há tempo para analisar todos os currículos que vão aparecer para preencher vagas, a não ser que se crie em cada escola uma comissão unicamente com essa função...mas isso implica reduções...e em tempo de vacas magras...
Bom fim-se-semana prolongado
By esse, at sábado, fevereiro 17, 2007 10:59:00 da tarde
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